A ABSOLVIÇÃO DO PAPA CLEMENTE V AOS LÍDERES MEMBROS DA ORDEM DO TEMPLO
Tradução livre de Reinaldo Toso Júnior, 12.nov.2006, São Paulo – Brasil, tradução sem fins lucrativos, sem propósitos comerciais e dirigida aos irmãos e irmãs da Ordem do Templo como material didático. A divulgação é permitida desde que citadas as fontes. |
1- Introdução
O documento original é formado por um longo pergaminho de 70 por 58 cm, contendo os selos de três procuradores papais indicados pelo papa Clemente V para formar uma comissão de investigação papal, são eles Bérenger Frédo, Padre Cardeal titular da Santíssima Nereus e Achilleus e sobrinho do papa, Étienne de Suisy, Padre Cardeal da Santa Cyriac em Therminis, Landolfo Brancacci, Diácono Cardeal de São Ângelo.
O local é Chinon, na França, na Diocese de Tours, entre os dias 17 e 20 de Agosto de 1308.
Anexo ao documento há uma cópia autenticada com o número de referência Archivum Arcis Armarium D 218. O original possui marcas de decomposição bacteriana, mas pode ser lido, seu número de referência é o Archivum Arcis Armarium D 217. Estes dados foram obtidos a partir do Arquivo Secreto do Vaticano, intitulado “A tour of the Archives amid frescoes and documents, The Vatican School of Palaeography, Diplomatics and Archives Administration”, disponível em [http://asv.vatican.va/en/visit/doc/inform.htm], acesso em 10.nov.2006.
Esta investigação conduzida pelos padres nomeados pelo papa Clemente V no castelo de Chinon, diocese de Tours foi convertida para o português, tradução de livre interpretação do autor e convertida a partir do inglês cujo acesso foi em “2006 inrebus.com”, disponível em [http://www.inrebus.com/chinon.html], acesso em 29.out.2006.
A Tradução
Chinon, 17-20 de Agosto de 1308.
Em nome de Nosso Senhor, amém. Nós, Berengar, pela misericórdia de Deus, cardeal presbítero de SS. Nereus e Achileus, e Stephanus, cardeal presbítero de St. Ciriacus em Therminis, e Landolf, cardeal diácono de St. Angel declaramos, diretamente por meio desta carta oficial, para todos que irão ler isso, desde que nosso Santo Padre e Senhor Clemente, pela divina providência o supremo pontífice da Santa Igreja Universal de Roma, que após receber os apelos verbais e também clamorosos relatórios do ilustríssimo rei da França e prelados, duques, condes, barões e outros relacionados ao dito reino, por ambos, nobres e comuns, entre os quais alguns irmãos, presbíteros, cavaleiros, preceptores e serventes da ordem do Templo, teve iniciado um questionamento em assuntos referentes aos irmãos, [questões de fé Católica] e a Regra da dita Ordem, por razão de que esta sofreu pública infâmia, o mesmo senhor Papa desejando e intencionado conhecer a pura, a completa e descompromissada verdade dos líderes da mencionada Ordem, citados: irmão Jacques de Molay, grão-mestre da Ordem dos Cavaleiros Templários, irmão Raymbaud de Caron, preceptor da comanderia dos Cavaleiros do Templo em Outremer, irmão Hugo de Pérraud, preceptor da França, irmão Geoffroy de Gonneville, preceptor da Aquitânia e Poitou, e Geoffroy de Charny, preceptor da Normandia ordenou e nomeou a nós especificamente por sua expressão verbal de maneira que deveríamos com diligência examinar a verdade por meio de questionamento ao grão-mestre e aos anteriormente mencionados preceptores – um por um e individualmente, convocando tabeliões públicos e confiáveis testemunhas.
Após agir de acordo com o mandado e nomeação do dito Senhor Supremo Pontífice, nós questionamos o grão-mestre anteriormente mencionado e os preceptores e investigamo-los referente aos assuntos descritos anteriormente. Suas palavras e confissões foram escritas exatamente pela maneira que estão incluídas aqui pelos tabeliões cujos nomes estão listados abaixo e na presença das testemunhas listadas também abaixo. Nós também ordenamos estas coisas escritas nesta forma oficial e validamos com a proteção de nossos selos.
No ano de Nosso Senhor de 1308, sexto interrogatório, no décimo sétimo dia de Agosto, no terceiro ano de pontificado do Papa Clemente V, irmão Raymbaud de Caron, preceptor da comanderia dos Cavaleiros Templários em Outremer, foi trazido à nossa presença, os padres anteriormente mencionados, no castelo de Chinon na diocese de Tours. Com sua mão sobre o Sagrado Testamento do Senhor ele pronunciou um juramento para falar a pura e completa verdade sobre si mesmo bem como sobre indivíduos e irmãos da Ordem, e sobre a Ordem em si mesma, referente às questões da fé Católica e a Regra da mencionada Ordem, e também sobre cinco indivíduos em particular e irmãos da Ordem. Diligentemente o interrogamos sobre o tempo e as circunstâncias de sua iniciação na ordem e ele disse que isso foi há quarenta e três anos ou próximo disso desde que ele foi ordenado e admitido na Ordem do Templo por Roncelin de Fos, naquele tempo preceptor de Provence, na cidade de Richarenchess, na diocese de Carpentras ou Saint-Paul-Trois-Châteaux, no chapel da comanderia Templária local. Durante a cerimônia o patrono não disse nada ao noviço que não fosse apropriado, mas após a admissão um irmão servente veio até ele, cujo nome ele não se lembra, e que para ele já está morto há muito tempo. Relatou que prenderam no lado de seu manto uma cruz pequena, e quando todos os irmãos se retiraram e permaneceu sozinho com este irmão-empregado, ele contou que este irmão-empregado mostrou a cruz a ele, e que não recorda se havia efígie no crucifixo ou não, mas acredita, entretanto, que era um crucifixo pintado ou talhado. E este irmão-empregado disse a ele: "você deve renegar este”. E o interrogado, não acreditando cometer um pecado, disse: "eu renego". Esse irmão-empregado disse também á ele que deveria preservar a pureza e a castidade, mas se não poderia fazer assim, era melhor fazer secretamente do que publicamente. O interrogado disse também que sua negação não veio do coração, mas da boca. Então disse que no dia seguinte revelou isto ao bispo de Carpentras, seu parente de sangue, que estava naquele lugar mencionado e naquela época, e o bispo contou que ele tinha agido errado e cometido um pecado. Então ele confessou sobre seus atos com este mesmo bispo e que foram atribuídas penitências e que, de acordo com ele, as cumpriu.
Quando questionado sobre o pecado de sodomia, ele disse que nunca esteve à par disso, participado ou feito, e que nunca tinha ouvido sobre cavaleiros Templários envolvidos neste pecado, exceto daqueles três cavaleiros que tinham sido punidos com prisão perpétua no Castelo de Pilgrim. Quando perguntado sobre os outros irmãos da mencionada Ordem se haviam sido recebidos na ordem da mesma maneira que ele, este respondeu que não sabia por que ele nunca havia iniciado [alguém] e que nunca havia visto alguém ser aceito na Ordem além de dois ou três irmãos. A respeito deles não soube se negaram Cristo ou não. Quando lhe foi perguntado sobre os nomes destes irmãos disse que um chamava-se Peter, mas que não recordou seu nome de família. Quando lhe foi perguntado com qual idade foi feito irmão na ordem mencionada respondeu que tinha dezessete anos de idade ou perto disso. Quando lhe foi perguntado sobre cuspir na cruz e sobre a adoração da cabeça, ele disse que não sabia de nada, adicionando que nunca tinha ouvido falar dessa cabeça até que ouviu o senhor papa Clemente falar disso no ano passado.
Quando lhe foi perguntado sobre a prática de beijar, respondeu que o irmão acima mencionado, Roncelin, o beijou na boca quando o recebeu como um irmão; disse que não sabia de nada sobre outros beijos. Quando lhe foi perguntado se quis manter o que tinha dito durante a confissão, e se o tinha feito de acordo com a verdade, e se tinha adicionado qualquer coisa falsa ou tinha omitido qualquer coisa que fosse verdade, ele respondeu que quis manter o que tinha dito previamente em sua confissão, que era verdade e que nem adicionou qualquer coisa que fosse falsa, e nem omitido qualquer coisa que fosse verdade. Quando lhe foi perguntado se confessou devido a um pedido, recompensa, gratidão, favor, medo, ódio ou persuasão por alguma outra pessoa, ou o uso de força, impedimento, ou medo da tortura, ele respondeu que não.
Mais tarde, este irmão Raymbaud dobrou-se de joelhos e com suas mãos unidas pediu nosso perdão e misericórdia a respeito das ações acima mencionadas. E enquanto implorava desta maneira, o irmão Raymbaud renunciou em nossa presença a heresia relatada anteriormente, bem como a qualquer outra heresia. Pela segunda vez ele fez o juramento com sua mão em cima do Livro Sagrado de Nosso Senhor de que obedeceria aos ensinamentos da igreja, que manterá, defenderá e observará a fé católica que a Igreja Romana mantém, defende e proclama, da mesma forma que ensina e requer dos outros que sigam isso, e que viverá e morrerá como um cristão fiel. Após este juramento, pela autoridade do senhor papa concedeu-nos especificamente para essa finalidade, nós estendemos a este suplicante e humilde irmão Raymbaud, em uma forma aceita pela igreja, a misericórdia da absolvição do veredicto de excomunhão que tinha incorrido pelas ações acima mencionadas, restaurando-o à unidade com a Igreja e restabelecendo-o para a comunhão da fé e aos sacramentos da Igreja.
Também, no mesmo dia, o irmão cavaleiro Geoffroy de Charny, preceptor da comanderia da Ordem do Templo na Normandia, apareceu pessoalmente da maneira e forma previamente descrita, à nossa presença, e na presença dos tabeliões, bem como das testemunhas, modestamente jurou com suas mãos sobre o Testamento do Senhor e foi questionado sobre a maneira de sua admissão na mencionada Ordem. Ele testemunhou que isso foi há quarenta anos ou perto disso, desde que foi aceito na Ordem dos Cavaleiros Templários pelo irmão Amaury de la Roche, o preceptor da França em Étamps na diocese de Sens, no chapel local da comanderia do Templo. Presentes à cerimônia estavam os irmãos Jean le Franceys, preceptor de Pédenac, e nove ou dez irmãos, ou algo assim, da Ordem mencionada, os quais ele acredita estarem mortos agora. E então, uma vez que tinha sido aceito na ordem e o manto da ordem colocado em seus ombros, o irmão que executou a cerimônia colocou-se ao lado dele, dentro do mesmo chapel, e mostrando-lhe um crucifixo com uma efígie de Cristo, disse-lhe que não deveria acreditar no crucificado, mas deveria de fato renunciá-lo. Então o irmão recentemente aceito na demanda do dito receptor renegou verbalmente, mas não em seu coração. Também, disse que na altura de sua iniciação, o noviço beijou o receptor na boca e em seu peito através da roupa como um sinal de reverência.
Quando perguntado se os irmãos da Ordem do Templo haviam sido aceitos da mesma que ele em suas iniciações, ele disse que não sabia. Disse também que ele mesmo recebeu um irmão na ordem mencionada com o mesmo cerimonial com o qual ele mesmo foi iniciado. Mais tarde ele aceitou muitos outros sem a renúncia descrita anteriormente e de maneira correta. Disse ele também que confessou sobre a renuncia da cruz que tinha feito durante a cerimônia de iniciação e sobre ser forçado a fazer assim pelo irmão que executava a cerimônia, ao patriarca de Jerusalém daquela época, e foi absolvido por ele.
Quando questionado diligentemente sobre cuspir na cruz, da prática de beijar, da prática de sodomia e na adoração da cabeça, ele respondeu que não sabia nada sobre isso. Posteriormente questionado, disse que acreditava que outros irmãos tinham sido aceitados na ordem da mesma maneira que ele foi. Ele disse, entretanto que não sabia com certeza desde quando estas coisas recentes aconteceram de modo que outros irmãos que estavam no edifício se viram ou se ouviram o que aconteceu com eles. Perguntado sobre a idade na qual foi aceito na ordem dita, respondeu que foi com dezesseis ou dezessete ou próximo disso. Quando lhe foi perguntado se havia contado estas coisas devido a um pedido, recompensa, gratidão, favor, medo, ódio ou persuasão por alguma outra pessoa, ou o uso de força, ou medo da tortura ou impedimento, respondeu que não. Quando lhe foi perguntado se quis manter o que tinha dito durante a confissão, se foi feito de acordo com a verdade, e se tinha adicionado qualquer coisa falsa ou tinha omitido qualquer coisa verdadeira, respondeu que quis manter o que tinha dito previamente em sua confissão e durante esta que tinha dito somente o que era verdadeiro, que o que disse era de acordo com a verdade e que nem adicionou qualquer coisa que era falsa e nem omitiu qualquer coisa que era verdadeira.
Após isto, nós concluímos em estender a misericórdia da absolvição por estes atos ao irmão Geoffroy, quem na forma e maneira descrita acima renunciou em nossa presença a heresia descrita e qualquer outra heresia, e jurou em pessoa sobre o Santo Evangelho do Senhor, e humildemente pediu pela misericórdia da absolvição, restaurando-o para a comunhão e a fé nos sacramentos da Igreja.
No mesmo dia, em nossa presença e na presença dos tabeliões e das testemunhas listadas abaixo, o irmão Geoffroy de Gonneville, pessoalmente apareceu e foi diligentemente questionado sobre o tempo e as circunstancias de sua admissão e sobre os assuntos descritos acima. Ele respondeu que tinha vinte e oito anos ou perto disso desde que foi recebido como um irmão na Ordem dos Cavaleiros Templários pelo irmão cavaleiro Robert de Torville, preceptor da comanderia da Ordem Templária da Inglaterra, na cidade de Londres, no chapel local da comanderia. E este receptor, após colocar o manto dos cavaleiros Templários em cima de seus ombros recebendo-o como membro, mostrou-lhe a cruz desenhada em algum livro e disse que renunciasse a imagem desenhada nessa cruz. O recém admitido não quis fazer assim, o receptor disse-lhe repetidas vezes que deveria fazer assim. E como este se recusou completamente em o fazer, o receptor, vendo sua resistência, disse-lhe: "contanto que eu permito que você não o faça, você jurar-me-á que se perguntado por alguns dos irmãos você dirá que fez esta renúncia?" E o recém admitido respondeu "sim", e prometeu que se fosse questionado por algum irmão da ordem dita diria que tinha executado a renúncia. E, como disse, não fez nenhuma renúncia de outra maneira. Disse também que o receptor mencionado lhe disse que deveria cuspir na cruz descrita. Quando o recém admitido não desejou fazer assim, o receptor colocou sua própria mão sobre o desenho da cruz e disse-lhe: "ao menos cuspa em minha mão!" E o admitido temendo que o receptor removesse sua mão e algum deste cuspo pegasse na cruz, não quis cuspir na mão com a cruz estando próxima. Quando questionado diligentemente a respeito do pecado de sodomia, da adoração da cabeça, sobre a prática de beijos e outras coisas que haviam atribuído aos irmãos da ordem dita uma reputação má, disse que não sabia de nada. Quando perguntado se outros irmãos da ordem foram aceitos na ordem da mesma maneira que ele, disse que acreditava que o mesmo tivesse sido feito aos outros como lhe foi feito na altura da descrição de sua iniciação.
Quando lhe foi perguntado se o que ele havia dito era para atender a um pedido, recompensa, gratidão, favor, medo, ódio ou persuasão por alguém, ou uso da força, impedimento ou medo de tortura, ele respondeu que não. Após isto, nós concluímos em entender a misericórdia da absolvição por estes atos ao irmão Geoffroy de Goneville, quem na forma e maneira descrita acima renunciou em nossa presença as heresias descritas acima e qualquer outra heresia, e jurou em pessoa sobre o Evangelho Sagrado do Senhor, e humildemente pediu pela misericórdia da absolvição, restaurando-o à unidade com a Igreja e restabelecendo-o para com a comunhão da fé e os sacramentos da Igreja.
Então no décimo nono dia do mês, em nossa presença e na presença dos tabeliões e das mesmas testemunhas, Hugo de Pérraud, preceptor Templário das comandarias na França apareceu pessoalmente e tomou juramento sobre o Evangelho Sagrado do Senhor, colocando suas mãos sobre o mesmo da mesma maneira descrita acima. Este irmão Hugo tendo jurado como indicado, e sendo diligentemente questionado sobre a maneira da sua iniciação disse que foi recebido em Londres na comanderia local do Templo, na respectiva igreja. Isso foi a quarenta e seis anos atrás, após passada a festa de Santa Magdalena. Ele foi nomeado irmão da Ordem pelo irmão Hubet de Perraud, seu próprio pai, como Visitante da comanderia Templária na França e Poitou, quem colocou sobre seus ombros a túnica da respectiva Ordem. Isto tendo sido efetuado, algum irmão da referida Ordem, chamado John, quem mais tarde tornou-se preceptor de La Muce, levou-o até um determinado lugar do chapel e mostrado-lhe a cruz com a efígie de Cristo e ordenado a ele que renunciasse Aquele cuja imagem estava representada lá. Ele recusou-se, o quando pode, de acordo com ele. Neste meio tempo, entretanto, pressionado por medo e ameaças do irmão John, ele renunciou Aquele que estava representado na cruz apenas uma vez. E também o irmão John muitas vezes ordenou que ele cuspisse sobre aquela cruz, e ele recusou-se a fazer.
Quando perguntado se ele tinha beijado o receptor, ele disse que o fez, apenas na boca.
Quando perguntado sobre o pecado de sodomia, ele respondeu que aquilo nunca havia sido imposto a ele ou feito isso.
Quando lhe foi perguntado se ele havia aceitado outros na Ordem, ele respondeu que o fez muitas vezes, e que aceitou mais pessoas do que qualquer outro irmão vivo da Ordem.
Quando questionado sobre a cerimônia por meio da qual ele os aceitou, ele disse que após eles terem sido admitidos na Ordem e recebido o manto, ele ordenou-lhes que renunciassem ao crucifixo e o beijasse no fundo da parte traseira, no umbigo e então na boca. Disse também que impôs a eles para absterem-se da parceria com mulheres, e, se fossem incapazes de conter seu desejo, juntarem-se com os irmãos da ordem. Disse também sob o juramento que a renúncia acima mencionada, executada durante a iniciação, assim como outras coisas descritas que ele exigiu daqueles recebidos por ele, foi feito na palavra somente, e não no espírito. Quando perguntado porque se sentiu culpado e não executou no espírito aquelas, ele respondeu que tais eram os estatutos ou recomendações das tradições da ordem e que esperou sempre que este erro fosse removido da ordem mencionada. Quando perguntado se alguns dos membros recebidos recentemente por ele se recusaram em executar estas coisas desonestas como cuspir e outras descritas e listadas acima, ele respondeu que somente poucos, e geralmente todos fizeram como requisitado. Disse também que embora ele mesmo instruísse irmãos da ordem que iniciou para se juntarem com outros irmãos, não obstante nunca tenha feito aquilo, não ouviu que qualquer um cometesse este pecado, à exceção dos dois ou três irmãos em Outremer que encarcerados no Castelo de Pilgrim. Quando questionado se soube se todos os irmãos da ordem dita fossem iniciados da mesma maneira que ele iniciou outros, disse que não sabe com certeza sobre os outros, apenas sobre si mesmo e aqueles que iniciou, porque os irmãos são iniciados em tal segredo que nada pode ser sabido à exceção diretamente daqueles que estão presentes. Quando perguntado se acreditou que todos foram iniciados nesta maneira, disse que acreditou que o mesmo ritual é usado ao iniciar outro como foi usado em seu caso e enquanto ele mesmo administrou quando recebeu outro. Quando inquirido sobre a cabeça de um ídolo que fosse adorada, reportado pelos Templários, disse que lhe foi mostrado em Montpellier pelo irmão Peter Alemandin, preceptor desse lugar, e que esta cabeça remanesceu na posse do irmão Peter. Quando perguntada sua idade quando foi aceito na ordem mencionada, respondeu que ouviu sua mãe dizer que tinha dezoito. Ele disse também que previamente confessou sobre estas coisas na presença do irmão Guillaume de Paris, inquisidor de ações heréticas, ou do seu deputado. Esta confissão foi registrada pelas mãos e assinada por Amise d'Orleans e outros tabeliões públicos. Ele deseja manter essa confissão, tal como está, bem como mantém a presente confissão que está em concordância com a anterior. E se há qualquer coisa adicional nesta confissão em frente ao Inquisidor ou seu deputado, como dito acima, ele ratifica, aprova e confirma isso.
Quando lhe foi perguntado se confessou estas coisas devido a um pedido, recompensa, gratidão, favor, medo, ódio, ou persuasão por alguma outra pessoa, ou o uso de força, ou medo da tortura ou impedimento, respondeu que não. Quando lhe foi perguntado se após sua prisão foi submetido qualquer questionamento ou tortura, respondeu que não. Após esta, nós concluímos em estender a misericórdia da absolvição por estes atos ao irmão Hugo, que no formulário e na maneira conforme descrito acima renunciou em nossa presença a heresia descrita e todas outras, e jurou em pessoa sobre o Evangelho Sagrado do Senhor, e pediu humildemente a misericórdia da absolvição, restaurando-o à unidade com a Igreja e restabelecendo-o à comunhão, a fé e aos sacramentos da igreja.
Então no vigésimo dia do mês, em nossa presença, e na presença dos tabeliões e das mesmas testemunhas, o irmão-cavaleiro Jacques de Molay, grão-mestre da ordem dos cavaleiros do Templo apareceu pessoalmente e jurando na forma e na maneira descritos acima, e sendo questionado diligentemente, disse que foi a quarenta e dois anos ou perto disso quando foi recebido como um irmão da ordem dita pelo irmão-cavaleiro Hubert de Pérraud, naquele tempo Visitador da França e de Poitou, em Beune, diocese de Autun, no chapel do comanderia local do Templo desse lugar. A respeito da maneira de sua iniciação na ordem, disse que quando recebeu o manto o receptor lhe mostrou a cruz e disse que renunciasse o Deus cuja imagem estava descrita nessa cruz, e que deveria cuspir na cruz. O qual, não cuspiu na cruz, mas próximo dela, de acordo com suas palavras. Disse também ter feito esta renúncia em palavras, não no espírito. Ele foi questionado diligentemente a respeito do pecado de sodomia, da cabeça adorada e da prática dos beijos ilícitos, disse que não sabia sobre aquilo. Quando lhe foi perguntado se confessou estas coisas devido a um pedido, recompensa, gratidão, favor, medo, ódio ou persuasão por alguma outra pessoa, ou o uso da força, ou medo da tortura ou impedimento, respondeu que não.
Quando lhe foi perguntado se, após sua prisão, foi submetido a qualquer questionamento ou tortura, respondeu que não. Após isto, nós concluímos em estender a misericórdia de absolvição por estes atos ao irmão Jaques de Molay, o grão-mestre da ordem mencionada, na forma e na maneira descritas acima, o mesmo renunciou em nossa presença a heresia descrita e qualquer outra, e jurou em pessoa sobre o Evangelho Sagrado do Senhor, e pediu humildemente a misericórdia da absolvição, restaurando-o à unidade com a igreja e restabelecendo-o à comunhão da e aos sacramentos da igreja.
No mesmo vigésimo dia do mês, em nossa presença, e na presença dos tabeliões e das mesmas testemunhas, irmão Geoffroy de Gonneville livremente e dispostamente ratificou, aprovou e confirmou sua confissão assinada que lhe foi lida em sua língua nativa, e deu garantias que pretende atender e manter ambas a confissão e a confissão que ele fez em uma diferente ocasião em frente do Inquisidor esta confissão e a confissão que fez em uma ocasião diferente na frente do Inquisidor ou inquisidores referente às transgressões heréticas acima mencionadas, tanto quanto isto está em concordância com a confissão feita em nossa presença, os tabeliões e testemunhas acima descritas; e se há alguma coisa extra contida na confissão feita em frente ao Inquisidor ou inquisidores, como dito anteriormente, ele ratifica, aprova e confirma isso.
No mesmo vigésimo dia do mês, em nossa presença, e na presença dos tabeliões e as mesmas testemunhas, irmão-preceptor Hugo de Perraud em uma maneira similar livremente e dispostamente ratificou, aprovou e confirmou sua confissão assinada que lhe foi lida em sua língua nativa.
Nós requisitamos Robert de Condet, clérigo da diocese de Soissons, um tabelião pelo poder apostólico, que estava conosco com os tabeliões e as testemunhas listados abaixo, registrar e fazer público como evidência estas confissões, assim como cada coisa descrita acima do que ocorreu na frente de nós, os tabeliões e as testemunhas, e também tudo feito por nós, exatamente como se mostra acima, e para o validar aplicar nossos selos.
Isto foi feito no ano, interrogatório, mês, dia, pontificado e lugar indicado acima, em nossa presença e na presença de Umberto Vercellani, de Nicolo Nicolai de Benvenuto e de Robert de Condet, acima mencionado, também dos mestres Amise d'Orleans, o Ratif, tabeliões públicos pelo poder apostólico, bem como os distintos pios irmãos Raymond, abade do monastério beneditino de St. Theofred, diocese de Annecy, Berard mestre de Boiano, arque-diácono de Troia, Raoul de Boset, confessor e cânon de Paris, e de Pierre de Soire, observador de Saint-Gaugery-Gaugery em Cambresis, que foram escolhidos especificamente como testemunhas.
Eu, Robert de Condet, clérigo da diocese de Soissons, tabelião pelo poder apostólico, observei com outros tabeliões e testemunhas cada e todas as coisas descritas acima que ocorreram na presença dos anteriormente padres reverendos senhores cardeais presbíteros, eu mesmo e outros tabeliões e testemunhas, bem como o que foi feito por seus senhores. Sob as ordens de seus senhores os cardeais presbíteros, eu fiz este registro, coloquei-o em uma forma oficial, e selei isso com meu selo, sendo o que foi pedido.
E também eu, Umberto Vercellani, clérigo de Béziers, tabelião pelo poder apostólico, observei com outros tabeliões e testemunhas cada e todas as coisas descritas acima que ocorreram na presença dos senhores anteriormente mencionados cardeais presbíteros exatamente como está demonstrado acima em completo detalhe. Sob as ordens destes cardeais presbíteros, por garantia adicional, eu assinei ao final deste registro e selei-o com meu selo.
E também eu, Nicolo Nicolai de Benevento, tabelião pelo poder apostólico, observei com os outros acima mencionados tabeliões e testemunhas cada e todas as coisas descritas acima e que ocorreram na presença dos anteriormente mencionados senhores cardeais presbíteros, bem como o que foi feito pelos seus senhores exatamente como está descrito acima em total detalhe. Sob as ordens destes cardeais presbíteros, por segurança adicional, eu assinei abaixo deste registro e o selei com meu selo.
E também eu, Arnulphe D´orléans, chamado o Ratif, tabelião pelo poder da Santa Igreja de Roma, observei com os outros acima mencionados tabeliões e testemunhas, confissões, depoimentos e outros, e cada e todas as coisas descritas acima que ocorreram na presença dos acima mencionados padres reverendos senhores cardeais presbíteros, bem como o que foi feitos por seus senhores exatamente como está descrito acima em total detalhe. Sob as ordens destes cardeais presbíteros, como testemunha da verdade, eu assinei abaixo deste registro e selei com meu selo, sendo o que foi pedido.
[retirado de: http://br.geocities.com/osmtj_go/chinon.htm]