quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Cruzadas - Pregação



Sua Santidade Urbano II

Dirijo-me aos pais, aos filhos, aos irmãos e aos sobrinhos de todas as famílias
cristãs. Se um estrangeiro abatesse um vosso familiar, não vos sentiríeis na
obrigação de vos vingardes? E não tereis ainda mais obrigação de vingar aquele que
é vosso Deus e vosso irmão, vendo-o espezinhado, expulso da sua terra, crucificado,
ouvindo a chamar por vós, aflito, a pedir socorro?

Urbano II

"A nobre raça dos Francos deve ir ajudar os seus companheiros Cristãos no Leste. Os Turcos infieis estão avançando no coração do Reino Cristão de Leste; Cristãos estão sendo oprimidos e atacados; igrejas e lugares santos estão sendo profanados. Jerusalem está gemendo sob o jugo Sarraceno.

O Santo Sepulcro está em mãos mulçumanas que o transformaram numa mesquita. Peregrinos são atormentados e impedidos no acesso á Terra Santa.

O Oeste deve marchar para defender o Leste. Todos, ricos e pobres. Os Francos devem parar as suas guerras internas e brigas.


Deus ele mesmo os liderá, para fazerem o Seu trabalho. Haverá absolvição e remissão dos pecados para todos os que morrerem em serviço de Cristo. Aqui são pobres e miseráveis pecadores; lá serão ricos e felizes.

Não hesitem; devem marchar no próximo verão. Deus assim o deseja!

Deus Vult! venha o choro da batalha das Crusadas."

Urbano II

Extraído de http://www.enciclopedia.com.pt/articles.php?article_id=40


Ó Deus, os pagãos invadiram a tua terra, profanaram o teu Santo Templo, reduziram
Jerusalém a um montão de ruínas.
Lançaram os cadáveres de teus servos para alimento dos abutres, e os corpos dos
teus fiéis aos animais selvagens.
Derramaram sangue como água por toda a cidade de Jerusalém e ninguém lhes pode
dar sepultura.
Tornamo-nos objeto de mofa para as nações vizinhas, de risota e escárnio para quem
nos rodeia.
Até quando, Senhor, continuarás indignado? Até quando durará o fogo abrasador do
teu ciúme?
Não nos faça pagar pelas faltas de nossos antepassados; venha quanto antes sobre
nós a tua misericórdia, porque chegamos ao limite de nossas forças!
Socorre-nos, ó Deus, nosso Salvador, para a glória do teu nome! Livra-nos e perdoanos,
pela tua honra e bom nome!
Porque hão de perguntar os pagãos: “Onde está o Deus deles?”
Mostra a essa gente, diante dos nossos olhos, que o sangue dos teus servos não fica
sem vingança!
Cheguem aos teus ouvidos os gemidos dos cativos! Com teu poder sem limites,
salva a vida dos que estão condenados à morte!
E nós, teu povo e ovelhas do teu rebanho, glorificar-te-emos para sempre, e
cantaremos os teus louvores por todos os séculos

Oração pelas cruzadas, IV Concílio de Latrão




Sao Bernardo de Claraval, Reno superior, 1450



O que estais fazendo, homens corajosos? O que estais fazendo, servos da cruz?
Quereis entregar o santuário aos cães e as pérolas aos porcos? Quantos pecadores lá
confessaram, com lágrimas, os seus pecados e conseguiram o perdão, desde que a
espada dos pais jogou fora a imundície dos pagãos? O maligno o vê com maus
olhos, range os dentes e empalidece; mexe os arsenais de sua milícia e não permitirá
que fiquem sinais ou vestígios de piedade, se ele jamais – o que Deus não permita –
ficar tão forte, de conquistar aquele espaço santíssimo. Para todos os tempos futuros
seria uma dor incurável e um prejuízo insubstituível. Para essa geração, porém, tão
ímpia, seria uma vergonha imensa e uma censura perpétua.
Porque o vosso país é fértil em homens corajosos e fortes pelo vigor da juventude,
pois por todo mundo corre o vosso louvor, e a glória de vosso heroísmo enche toda a
terra. Sede, pois, varonis e pegai em armas felizes, zelando pelo nome de Cristo.
Termine aquele costume de cavaleiros, ou melhor, aquele abuso de cavaleiros de
antigamente, segundo o qual costumáveis lançar por terra, espezinhar e matar um ao
outro. Que prazer cruel impele os desgraçados para que transpassem, com espada, o
corpo do seu próximo, lançando, talvez, a sua alma à perdição! Mas também o vencedor não escapa, quando se alegra com a matança de um inimigo. É insensatez,
não coragem, entregar-se a tal injustiça; deve ser atribuída não à animosidade, mas à
insanidade.
Tu, cavaleiro corajoso, tu, homem de guerra, agora tens uma luta sem perigo, onde a
vitória traz glória, e a morte é lucro. Se és um comerciante previdente, um homem
que quer obter vantagens neste mundo, eu te anuncio um grande comércio; toma
cuidado para não perdê-lo. Aceite o sinal da Cruz, e de tudo que, arrependido,
confessares, alcançarás a indulgência total. A mercadoria é barata; e pagando
piedosamente por ela, sem dúvida vale o Reino de Deus.

Homilia de São Bernardo de Claraval




Assim, eu repito, o cavaleiro de Cristo dá à morte toda segurança e a recebe com
mais segurança ainda. Se ele morre é para o seu bem, se ele mata é para o Cristo.
Não é sem motivo, com efeito, que ele porta a espada: ele é um servo de Deus para
castigar aqueles que fazem o mal e felicitar aqueles que fazem o bem.
Matando um malfeitor, ele não se comporta como um homicida, mas, se ousa dizer,
um “malecida”. Ele é escolhido para “justiceiro de Cristo em consideração aos que
fazem o mal”, e para defensor dos cristãos. Chega mesmo a se matar: sabe-se bem
que nisso não está sua perda, mas que ele atingiu o objetivo. A morte que ele
infringe é um ganho para Cristo e, aquela que ele recebe é um ganho para ele
mesmo. Na morte do pagão o cristão se glorifica, pois é o Cristo que, por ela, é
glorificado. Na morte do cristão a generosidade do Rei se manifesta, porque o
cavaleiro morre para receber a recompensa. Da morte do pagão “o justo se alegrará
vendo a revanche”. E a morte do cristão fará dizer: “há um prêmio para o justo?
Sim, ele é um Deus que julga os homens sobre a terra”

São Bernardo de Clairvaux, Elogio a Nova Milícia

Textos extraídos de http://www.bdtd.ufjf.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=285