A MULHER NA IDADE MÉDIA
Por Fernanda Carminati Zambrotti Azevedo
Por Fernanda Carminati Zambrotti Azevedo
A história da mulher na idade média é sempre ocultada e distorcida, bem como toda a história da idade média. Alguns chegam ao absurdo de dizer que neste tempo da história era considerado que a mulher não possuía alma. Estranhamente vemos neste período um dos de maior devoção a Santíssima Virgem Maria; quantos não foram os artistas a retratarem-Na majestosamente? Além do que, se fosse do pensamento da Igreja que a mulher não tivesse alma, porque ministrava a elas os sacramentos? Ou porque se difundiam tantas ordens religiosas dedicadas às mulheres?
Importantes figuras femininas insurgiram na Idade Média, precisamente pelo fato de que este foi um período áureo da sociedade católica, onde Igreja exercia grande papel na vida social e cotidiana:
Rainhas como Branca de Castela, e Eleonora de Aquitânia, exerceram legitimamente sua autoridade de governantes, na ausência do rei (morto ou doente). A coroação de uma Rainha era de grande solenidade, tal como a dos reis, geralmente acontecia em uma catedral.
Grandes lideranças, como Santa Joana D`arc, Santa Catarina de Senna. Grandes intelectuais como a abadessa Herrade de Landsberg, que é autora da mais conhecida enciclopédia do século XII; e Santa Brígida que fundou inúmeros mosteiros. Existiam mulheres no posto de “senhor feudal. Existiam as abadessas, a filha de Santa Edwiges, Gertrudes, era abadessa; e muitas outras, que eram até mesmo superioras não só de mosteiros femininos, mas também masculinos, como a abadessa Pétronille de Chemillé.
Existiam mulheres em variados cargos e encargos da sociedade, a historiadora Regíne Pernoud assevera- “Através de documentos, pôde-se constatar a existência de cabeleireiras, salineiras (comércio do sal), moleiras, castelãs, mulheres de cruzados, viúvas de agricultores, etc.”-.
A Socióloga Évelyne Sullérot afirma que quase todas as profissões foram acessíveis às mulheres nos séculos X, XI, XII, XIII e XIV.
È claro que muitos poderiam questionar que na idade média havia ainda uma predominância masculina, claro, isso derivou dos séculos em que a sociedade marginalizou a mulher. Mas o que é interessante notar, e é incontestável frente aos fatos, é que Igreja lutou pela mulher, a educou como nunca antes: “Na Idade Média, algumas universidades, e, muito particularmente a universidade de Bolonha, tinham admitido, do século XII ao século XVII, algumas mulheres, e chegaram a oferecer cátedras de direito a diplomadas femininas como, por exemplo, Magdalena Buonsingnori, Betina Calderini e Bettesta Gozzadini.”- (Sullérot 1970, p.l 10).
Santa Hildegard de Bingen, escreveu os mais conhecidos tratados de medicina do século XII no ocidente; compôs também mais de setenta sinfonias, além de escritos de espiritualidade e teologia. A abadessa Hrotsvitha tem conhecida influencia literária sobre os países germânicos, a ela são atribuídas seis comédias em prosa rimada.
Como nunca antes a mulher foi ouvida: imaginemos o Papa escutando e atendendo Santa Catarina de Senna. Já imaginaram o Rei da França recebendo uma jovem camponesa e dando atenção aos seus conselhos a ponto de confiar a ela um exército? Difícil imaginar isso em nossos dias, mas foi exatamente isto que aconteceu com Santa Joana D’Arc.
A idade média é o modelo mais perfeito de sociedade ordenada; hoje é certo que as mulheres têm direitos equiparados aos dos homens, porém a mulher teve que se tornar masculinizada para isto, teve que imitar o homem para ser respeitada, e por isto em nosso século está extinta a figura materna, a figura doce, na mulher moderna. Na idade média, pelo contrário, a mulher achou seu espaço da forma que ela é, forte e doce, profissional e mãe, atuante e esposa. E porque isto aconteceu na idade média? Mais uma vez, exatamente pelo fato da sociedade medieval curvar-se aos desígnios divinos, colocando-se sob a tutela da Igreja, pois foi a Igreja quem restaurou o lugar de destaque da mulher na sociedade, a valorizou, a defendeu, a superestimou.
È clichê dizer que na Idade Média era costumeiro que o pai escolhesse o futuro esposo da filha, é verdade, porém isto não acontecia só com a moça, mas também com o rapaz. Além do que, vale destacar que a Igreja sempre se opôs a esta prática. -“ Uma força lutou contra estas uniões impostas, e esta foi a Igreja; ela multiplicou, no direito canônico, as causas de nulidade, reclamou sem cessar a liberdade para os que se unem” - (Pernoud, Regíne. Idade Média, o que não nos ensinaram).
Ainda hoje encontramos em grande parcela da população mundial a ausência desta liberdade fundamental, pela qual sempre lutou a Igreja; sendo que nos países orientais são absolutamente comuns os casamentos impostos.
Dizem ainda que na idade média a mulher era tratada como inferior ao esposo, sempre servil a ele; quando na verdade observa-se que a mulher não é inferior ao homem, apenas são diferentes, e ocupam na vida familiar posições distintas. Tal qual a prescrição evangélica, o homem medieval é a cabeça de seu lar, mas tem por sua vez uma obrigação irrevogável, amar a esposa. Vemos por isso na idade média, a figura do cavaleiro, um bravo e destemido, sempre pronto a dar a vida pelo papa, pelo rei, e pela amada. Esta é uma verdadeira tradução do seguinte trecho de São Paulo: - "As mulheres estejam sujeitas a seus maridos, como ao Senhor, porque o marido é cabeça da mulher, como Cristo é cabeça da Igreja, seu corpo, do qual Ele é o Salvador.. Ora, assim como a Igreja está sujeita a Cristo, assim o estejam também as mulheres a seus maridos em tudo. Maridos, amai as vossas mulheres, como também Cristo amou a Igreja e por ela se entregou a si mesmo (...)" (Ef. V, 22-25).
Para encerrar a questão de que as mulheres eram mal tratadas na idade média, segue um trecho de um grande teólogo da época, o extraordinário São Tomás de Aquino, - “A mulher não deve "dominar o homem", conforme a frase do Apóstolo [São Paulo] (I Tim, II, 12). Por essa razão, Deus não fez a mulher de um osso da cabeça do homem. Nem tão pouco deve o homem desprezá-la, como se ela lhe estivesse submetida servilmente -- [com subserviência] -- , e, por isso, ela não foi feita de uma matéria retirada dos pés do homem.” (S. Tomás de Aquino, Suma Teológica, I q. 92, a. 3)
Ao contrário do período antigo onde a civilizações, principalmente a greco-romana, não davam o menor valor a mulher, o que ainda acontece com alguns povos( na China é absolutamente comum o aborto de meninas). Um historiador afirma : - “Em Roma, a mulher, sem exagero ou paradoxo, não era sujeito de direito... Sua condição pessoal, as relações da mulher com seus pais ou com seu marido são da competência da domus da qual o pai, o sogro ou o marido são os chefes todo-poderosos... A mulher é unicamente um objeto”-.
No Direito Romano, a mulher era perpetuamente “menor”, passava da tutela do pai para à do marido. Durante a idade média, sob o refúgio da igreja, a mulher supera esta condição de inferioridade. O casamento monogâmico assegura a mulher um posto de destaque na vida familiar, e conseqüentemente na vida social. Exatamente como assevera São Paulo: - “A mulher não pode dispor de seu corpo: ele pertence ao seu marido. E da mesma forma, o marido não pode dispor de seu corpo: ele pertence à sua esposa” (1 Cor 7, 4. )
Fazendo uma linha histórica, vemos na antiguidade clássica, a cultura romano-helenica, a mulher em uma posição sempre servil, rasteira, que em pouco diferia dos escravos, sem vontade ou liberdade, sem prestígio ou opinião. Aí chegamos à idade média, uma era muito heterogênea e de crescente espiritualidade cristã; então a mulher adquiri direitos, é vista não mais como objeto, é posta em equivalência com o homem; na família ela presta ao marido uma relação de submissão e não de escravidão, e o marido ama a esposa porque ela não é um objeto seu, mas é uma parte dele.
Seguindo a linha do tempo, passado o esplendor da baixa idade média, chegamos ao período decadente deste tempo e começo do Renascença. Renascença de que? Os renascentistas buscavam um renascimento da antiguidade clássica, por isso vemos mais uma vez o culto aos ídolos, e entre outros, o revigoramento do Direito Romano; desta forma, a mulher retoma aquela inferioridade dos tempos antigos, perde muitos direitos, e cai de cena. Entre os renascentistas é citada alguma mulher? Alguma figura feminina emblemática?
Mais um paralelo que se pode traçar entre a estas “duas” mulheres, a medieval e a atual, é no que diz respeito a maternidade. A capacidade de gerar filhos está entre as mais excelsas prerrogativas femininas, e foi sempre vista de forma natural e desejável. A mulher da idade média, muita vez intelectual como Eleonor de Aquitânea, ativa como Branca de Castela, piedosa como Santa Brígida, ou simples como uma camponesa comum, tinham, entretanto, um desejo em comum, o de gerar os filhos, tantos quanto fossem da vontade de Deus e de dá-los todos a Deus novamente.
A Rainha Branca de Castela foi uma grande estadista, entretanto teve quatorze filhos,e depois da morte de seu marido, o rei Luiz VIII, foi ela quem regeu a França até que seu filho mais velho atingisse a maior idade. Eleonor de Aquitânea, avó materna de Branca de Castela, foi outra importante Rainha, e teve também uma dezena de filhos.
A Rainha Branca de Castela governava a França ao mesmo tempo em que educava seus inúmeros filhos, foi uma grande monarca, mas primeiramente, foi uma exímia mãe, formando seus filhos para a Coroa e para Deus; para que fossem bons como Senhores do povo, e ainda muito melhores como servos de Deus. Não é de se estranhar que no rebento de uma mãe tão zelosa, contem-se muitos santos; um de santidade heróica reconhecida pela Igreja, e que hoje brilha na glória dos Altares, o grande São Luiz IX.
A mulher atual, vai na contramão de tudo o que dissemos acerca desta mulher maternal da idade média. Sacrificam tudo as custas de grandes carreiras, de cargos de chefia, de triunfo profissional, sacrificam até mesmo esta parte tão bela de sua natureza, que é a natureza de gerar.
É triste ver a mulher moderna consumir-se em um egoísmo infeliz, que vem as fadando ao fracasso; não um fracasso profissional ou financeiro, mas um fracasso existencial.
Não é estranho perceber que em uma era em que tudo o que vale é ser feliz, o mundo caminha para uma tristeza mórbida? E porque? Porque as pessoas estão muito vazias. Tão vazias que procuram de todas as formas, maneiras para sentirem-se repletas; e por isso nunca como hoje se viu tão acentuada a procura por prazeres efêmeros: na droga, no álcool, em vícios diversos, na sexualidade desordenada.
Mas como podem estar vazios em uma era em que o homem já alcançou as estrelas, já dominou os pólos da terra, já desvendou tantos mistérios do mundo? Fato é que estão vazios; vazios porque não cumpriram a missão que Deus os incumbiu; muitos até abraçaram o casamento, porém tiraram dele parte fundamental: multiplicar-se, e encher o reino do Deus; se, é claro, for da vontade de Deus que o casal tenha filhos.
A mulher da idade média é um modelo para todas as gerações de mulheres, porque são mulheres que acharam a verdadeira felicidade. Acharam-na cumprindo o que Deus queria delas, como rainhas, mães, esposas, camponesas, como leigas consagradas no mundo, como religiosas encerradas em conventos, como nobres ou na servidão, como filósofas ou bordadeiras, poetisas e cozinheiras; enfim, como mulheres a serviço de Deus, mulheres dignificadas pela dignidade de Maria que apagou a chaga deixada por Eva, mulheres à imagem da “Ave”.
Nunca nenhuma instituição lutou tanto pela mulher como Igreja, por isso, sobretudo as mulheres deveriam defender a Igreja neste tempo em que tantos erguem-se contra Ela.
Mulheres, está na hora de restaurar aquele antigo valor que nos foi atribuído, e também, por gratidão, já é hora de retribuir tantos favores.
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Todos os artigos disponíveis neste sítio são de livre cópia e difusão deste que sempre sejam citados a fonte e o(s) autor(es).
Para citar este artigo:
AZEVEDO, Fernanda Carminati Zambrotti. Apostolado Veritatis Splendor: A MULHER NA IDADE MÉDIA. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/5920. Desde 12/08/2009.
A Socióloga Évelyne Sullérot afirma que quase todas as profissões foram acessíveis às mulheres nos séculos X, XI, XII, XIII e XIV.
È claro que muitos poderiam questionar que na idade média havia ainda uma predominância masculina, claro, isso derivou dos séculos em que a sociedade marginalizou a mulher. Mas o que é interessante notar, e é incontestável frente aos fatos, é que Igreja lutou pela mulher, a educou como nunca antes: “Na Idade Média, algumas universidades, e, muito particularmente a universidade de Bolonha, tinham admitido, do século XII ao século XVII, algumas mulheres, e chegaram a oferecer cátedras de direito a diplomadas femininas como, por exemplo, Magdalena Buonsingnori, Betina Calderini e Bettesta Gozzadini.”- (Sullérot 1970, p.l 10).
Santa Hildegard de Bingen, escreveu os mais conhecidos tratados de medicina do século XII no ocidente; compôs também mais de setenta sinfonias, além de escritos de espiritualidade e teologia. A abadessa Hrotsvitha tem conhecida influencia literária sobre os países germânicos, a ela são atribuídas seis comédias em prosa rimada.
Como nunca antes a mulher foi ouvida: imaginemos o Papa escutando e atendendo Santa Catarina de Senna. Já imaginaram o Rei da França recebendo uma jovem camponesa e dando atenção aos seus conselhos a ponto de confiar a ela um exército? Difícil imaginar isso em nossos dias, mas foi exatamente isto que aconteceu com Santa Joana D’Arc.
A idade média é o modelo mais perfeito de sociedade ordenada; hoje é certo que as mulheres têm direitos equiparados aos dos homens, porém a mulher teve que se tornar masculinizada para isto, teve que imitar o homem para ser respeitada, e por isto em nosso século está extinta a figura materna, a figura doce, na mulher moderna. Na idade média, pelo contrário, a mulher achou seu espaço da forma que ela é, forte e doce, profissional e mãe, atuante e esposa. E porque isto aconteceu na idade média? Mais uma vez, exatamente pelo fato da sociedade medieval curvar-se aos desígnios divinos, colocando-se sob a tutela da Igreja, pois foi a Igreja quem restaurou o lugar de destaque da mulher na sociedade, a valorizou, a defendeu, a superestimou.
È clichê dizer que na Idade Média era costumeiro que o pai escolhesse o futuro esposo da filha, é verdade, porém isto não acontecia só com a moça, mas também com o rapaz. Além do que, vale destacar que a Igreja sempre se opôs a esta prática. -“ Uma força lutou contra estas uniões impostas, e esta foi a Igreja; ela multiplicou, no direito canônico, as causas de nulidade, reclamou sem cessar a liberdade para os que se unem” - (Pernoud, Regíne. Idade Média, o que não nos ensinaram).
Ainda hoje encontramos em grande parcela da população mundial a ausência desta liberdade fundamental, pela qual sempre lutou a Igreja; sendo que nos países orientais são absolutamente comuns os casamentos impostos.
Dizem ainda que na idade média a mulher era tratada como inferior ao esposo, sempre servil a ele; quando na verdade observa-se que a mulher não é inferior ao homem, apenas são diferentes, e ocupam na vida familiar posições distintas. Tal qual a prescrição evangélica, o homem medieval é a cabeça de seu lar, mas tem por sua vez uma obrigação irrevogável, amar a esposa. Vemos por isso na idade média, a figura do cavaleiro, um bravo e destemido, sempre pronto a dar a vida pelo papa, pelo rei, e pela amada. Esta é uma verdadeira tradução do seguinte trecho de São Paulo: - "As mulheres estejam sujeitas a seus maridos, como ao Senhor, porque o marido é cabeça da mulher, como Cristo é cabeça da Igreja, seu corpo, do qual Ele é o Salvador.. Ora, assim como a Igreja está sujeita a Cristo, assim o estejam também as mulheres a seus maridos em tudo. Maridos, amai as vossas mulheres, como também Cristo amou a Igreja e por ela se entregou a si mesmo (...)" (Ef. V, 22-25).
Para encerrar a questão de que as mulheres eram mal tratadas na idade média, segue um trecho de um grande teólogo da época, o extraordinário São Tomás de Aquino, - “A mulher não deve "dominar o homem", conforme a frase do Apóstolo [São Paulo] (I Tim, II, 12). Por essa razão, Deus não fez a mulher de um osso da cabeça do homem. Nem tão pouco deve o homem desprezá-la, como se ela lhe estivesse submetida servilmente -- [com subserviência] -- , e, por isso, ela não foi feita de uma matéria retirada dos pés do homem.” (S. Tomás de Aquino, Suma Teológica, I q. 92, a. 3)
Ao contrário do período antigo onde a civilizações, principalmente a greco-romana, não davam o menor valor a mulher, o que ainda acontece com alguns povos( na China é absolutamente comum o aborto de meninas). Um historiador afirma : - “Em Roma, a mulher, sem exagero ou paradoxo, não era sujeito de direito... Sua condição pessoal, as relações da mulher com seus pais ou com seu marido são da competência da domus da qual o pai, o sogro ou o marido são os chefes todo-poderosos... A mulher é unicamente um objeto”-.
No Direito Romano, a mulher era perpetuamente “menor”, passava da tutela do pai para à do marido. Durante a idade média, sob o refúgio da igreja, a mulher supera esta condição de inferioridade. O casamento monogâmico assegura a mulher um posto de destaque na vida familiar, e conseqüentemente na vida social. Exatamente como assevera São Paulo: - “A mulher não pode dispor de seu corpo: ele pertence ao seu marido. E da mesma forma, o marido não pode dispor de seu corpo: ele pertence à sua esposa” (1 Cor 7, 4. )
Fazendo uma linha histórica, vemos na antiguidade clássica, a cultura romano-helenica, a mulher em uma posição sempre servil, rasteira, que em pouco diferia dos escravos, sem vontade ou liberdade, sem prestígio ou opinião. Aí chegamos à idade média, uma era muito heterogênea e de crescente espiritualidade cristã; então a mulher adquiri direitos, é vista não mais como objeto, é posta em equivalência com o homem; na família ela presta ao marido uma relação de submissão e não de escravidão, e o marido ama a esposa porque ela não é um objeto seu, mas é uma parte dele.
Seguindo a linha do tempo, passado o esplendor da baixa idade média, chegamos ao período decadente deste tempo e começo do Renascença. Renascença de que? Os renascentistas buscavam um renascimento da antiguidade clássica, por isso vemos mais uma vez o culto aos ídolos, e entre outros, o revigoramento do Direito Romano; desta forma, a mulher retoma aquela inferioridade dos tempos antigos, perde muitos direitos, e cai de cena. Entre os renascentistas é citada alguma mulher? Alguma figura feminina emblemática?
Mais um paralelo que se pode traçar entre a estas “duas” mulheres, a medieval e a atual, é no que diz respeito a maternidade. A capacidade de gerar filhos está entre as mais excelsas prerrogativas femininas, e foi sempre vista de forma natural e desejável. A mulher da idade média, muita vez intelectual como Eleonor de Aquitânea, ativa como Branca de Castela, piedosa como Santa Brígida, ou simples como uma camponesa comum, tinham, entretanto, um desejo em comum, o de gerar os filhos, tantos quanto fossem da vontade de Deus e de dá-los todos a Deus novamente.
A Rainha Branca de Castela foi uma grande estadista, entretanto teve quatorze filhos,e depois da morte de seu marido, o rei Luiz VIII, foi ela quem regeu a França até que seu filho mais velho atingisse a maior idade. Eleonor de Aquitânea, avó materna de Branca de Castela, foi outra importante Rainha, e teve também uma dezena de filhos.
A Rainha Branca de Castela governava a França ao mesmo tempo em que educava seus inúmeros filhos, foi uma grande monarca, mas primeiramente, foi uma exímia mãe, formando seus filhos para a Coroa e para Deus; para que fossem bons como Senhores do povo, e ainda muito melhores como servos de Deus. Não é de se estranhar que no rebento de uma mãe tão zelosa, contem-se muitos santos; um de santidade heróica reconhecida pela Igreja, e que hoje brilha na glória dos Altares, o grande São Luiz IX.
A mulher atual, vai na contramão de tudo o que dissemos acerca desta mulher maternal da idade média. Sacrificam tudo as custas de grandes carreiras, de cargos de chefia, de triunfo profissional, sacrificam até mesmo esta parte tão bela de sua natureza, que é a natureza de gerar.
É triste ver a mulher moderna consumir-se em um egoísmo infeliz, que vem as fadando ao fracasso; não um fracasso profissional ou financeiro, mas um fracasso existencial.
Não é estranho perceber que em uma era em que tudo o que vale é ser feliz, o mundo caminha para uma tristeza mórbida? E porque? Porque as pessoas estão muito vazias. Tão vazias que procuram de todas as formas, maneiras para sentirem-se repletas; e por isso nunca como hoje se viu tão acentuada a procura por prazeres efêmeros: na droga, no álcool, em vícios diversos, na sexualidade desordenada.
Mas como podem estar vazios em uma era em que o homem já alcançou as estrelas, já dominou os pólos da terra, já desvendou tantos mistérios do mundo? Fato é que estão vazios; vazios porque não cumpriram a missão que Deus os incumbiu; muitos até abraçaram o casamento, porém tiraram dele parte fundamental: multiplicar-se, e encher o reino do Deus; se, é claro, for da vontade de Deus que o casal tenha filhos.
A mulher da idade média é um modelo para todas as gerações de mulheres, porque são mulheres que acharam a verdadeira felicidade. Acharam-na cumprindo o que Deus queria delas, como rainhas, mães, esposas, camponesas, como leigas consagradas no mundo, como religiosas encerradas em conventos, como nobres ou na servidão, como filósofas ou bordadeiras, poetisas e cozinheiras; enfim, como mulheres a serviço de Deus, mulheres dignificadas pela dignidade de Maria que apagou a chaga deixada por Eva, mulheres à imagem da “Ave”.
Nunca nenhuma instituição lutou tanto pela mulher como Igreja, por isso, sobretudo as mulheres deveriam defender a Igreja neste tempo em que tantos erguem-se contra Ela.
Mulheres, está na hora de restaurar aquele antigo valor que nos foi atribuído, e também, por gratidão, já é hora de retribuir tantos favores.
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Para citar este artigo:
AZEVEDO, Fernanda Carminati Zambrotti. Apostolado Veritatis Splendor: A MULHER NA IDADE MÉDIA. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/5920