terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Príncipes do Brasil na Ordem de Malta

Príncipes do Brasil na Ordem de Malta


O Chefe da Casa Imperial do Brasil, Dom Luiz de Orleans e Bragança, e seu irmão, o Príncipe Imperial Dom Bertrand, ingressaram nessa heróica Ordem de Cavalaria, recebendo as mais elevadas insígnias


Fonte: Revista Catolicismo
http://www.catolicismo.com.br/materia/materia.cfm?IDmat=386&mes=dezembro2002&pag=1



O saudoso Príncipe Dom Pedro Henrique de Orleans e Bragança, neto da Princesa Isabel e Chefe da Casa Imperial do Brasil, costumava dizer a seus filhos que as monarquias decaíram quando os reis e os príncipes deixaram de estar na primeira linha dos campos de batalha na defesa de seus povos. Parte integrante desse espírito de combatividade deveria ser, segundo ele, a admiração pelas Ordens de Cavalaria cristãs. Dom Pedro Henrique era, ele mesmo, cavaleiro de Malta, no seu grau honorífico mais alto, o de Bailio Grã-Cruz de Honra e Devoção.

Nessa perspectiva, ele encaminhou seus filhos Dom Luiz e Dom Bertrand, quando ainda muito jovens, para o "grupo de Catolicismo", que viria a constituir, a partir de 1960, a TFP. Dom Pedro Henrique considerava a TFP o grande baluarte, no Brasil, contra o comunismo e as demais forças desagregadoras da Civilização Cristã. Quando seu amigo de infância, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, escreveu o ensaio Revolução e Contra-Revolução, que viria a se constituir no livro de cabeceira dos membros da TFP espalhados pelos cinco continentes, foi Dom Pedro Henrique quem escreveu o prefácio para a edição francesa da obra.


Chegada dos Príncipes ao Palácio Magistral de Malta. Dom Luiz é cumprimentado pelo Mestre de Cerimônias, Príncipe Boncompagni Ludovisi, observado pelo Marquês Coda Nunziante. Atrás deste o huissier da Ordem. À esquerda, Dom Bertrand


Insígnias da Ordem no grau honorífico mais elevado



Seguindo mais uma vez o exemplo de seu pai, os príncipes Dom Luiz e Dom Bertrand ingressaram recentemente na Soberana Ordem Militar do Hospital de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta, no mesmo grau de Bailio Grã-Cruz de Honra e Devoção.

O Grão-Mestre da Ordem de Malta, Sua Alteza Eminentíssima Fra Andrew Bertie, quis pessoalmente impor ao Chefe da Casa Imperial do Brasil, o Príncipe Dom Luiz, e a seu irmão, o Príncipe Imperial Dom Bertrand, as insígnias da Ordem. Com essa finalidade, convidou-os para uma solene cerimônia, seguida de almoço, no Palácio Magistral de Malta, em Roma, a realizar-se no dia 30 de outubro.

Precisamente às 13 horas desse dia, o automóvel dos príncipes entrava no cortile do magnífico palácio da Via Condotti. Esse palácio havia sido a sede da Embaixada da Ordem de Malta junto à Santa Sé. Após a perda da ilha de Malta em 1798, quando as tropas revolucionárias francesas, sob o comando de Napoleão Bonaparte, derrotaram os outrora gloriosos defensores da Cristandade contra o inimigo muçulmano, os cavaleiros passaram por inúmeras vicissitudes. Pouco a pouco sua situação foi se normalizando, até o momento em que a Ordem pôde estabelecer, com o apoio dos Papas, seu grande magistério na Cidade Eterna. A partir desse momento, o palácio da Via Condotti passou a ser a sede principal da Ordem.




Dom Luiz, após receber as insígnias da Ordem, dirige ao Grão-Mestre palavras de agradecimentos


Recepção em meio a esplendores barrocos


Acompanhados do Marquês Luigi Coda Nunziante e de Mario Navarro da Costa, os príncipes foram recebidos pelo Mestre de Cerimônias do Grande Magistério, o Príncipe Paolo Boncompagni Ludovisi. Após uma conversa privada com o Grão-Mestre, Suas Altezas Imperiais e Reais foram convidadas por ele para dirigir-se ao Salão de Cerimônias. Nos esplendores barrocos desse magnífico salão, Fra Andrew Bertie, após cordiais palavras de elogio à militância católica dos príncipes, lhes impôs as insígnias da Ordem e lhes entregou a Bula e o Diploma de Bailio Grã-Cruz. A seguir, Dom Luiz, em seu nome e no de seu irmão, agradeceu a honraria concedida e externou sua admiração pela epopéia gloriosa da Ordem de Malta em defesa da Cristandade, ao longo de 10 séculos. Pediu a intercessão de Nossa Senhora, Padroeira da Ordem, e do Beato Gerardo, seu glorioso fundador, para a continuação, nas circunstâncias de nossos dias, da obra dessa benemérita instituição.


Estavam presentes à cerimônia o Grão-Comendador da Ordem, Fra Ludwig Hoffmann von Rumerstein, além de vários outros membros do Soberano Conselho, bem como Sua Exa. Revma. o Arcebispo Angelo Acerbi, Prelado da Ordem de Malta. Uma presença que muito tocou os príncipes foi a do Embaixador do Brasil junto à Santa Sé, Oto Agripino Maia, que também exerce as funções de Embaixador do Brasil junto à Ordem. Nosso País, com efeito, é um dos muitos a manter relações diplomáticas com a Ordem Soberana, que é considerada sujeito de direito internacional. Além do Palácio Magistral e de Villa Malta, no Monte Aventino, em Roma, que gozam de extra-territorialidade, a Ordem possui também, com esse mesmo privilégio, o Castelo de Sant'Angelo, na ilha de Malta.




Fra Andrew Bertie coloca a insígnia de Bailio Grã-Cruz de Honra e Devoção em Dom Bertrand. Ao fundo, o embaixador do Brasil junto à Ordem, Oto Maia, e Mário Navarro da Costa


Almoço e ato de piedade na Capela Magistral

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Após os aperitivos, os convidados foram introduzidos no Salão de Refeições, coberto por valiosíssimas tapeçarias representando os cinco continentes. Ao fim do almoço, o Príncipe e Grão-Mestre Fra Andrew Bertie elevou um brinde aos augustos recipiendários, que foi respondido pelo Príncipe Imperial Dom Bertrand.

Café e licores foram oferecidos, a seguir, no Salão de Cerimônias, após o que Fra Andrew Bertie convidou os príncipes e os membros de seu séqüito a se dirigirem à Capela Magistral para adorar o Santíssimo Sacramento. Com essa elevada nota de piedade católica, encerrou-se a visita dos príncipes do Brasil ao Grão-Mestre da Ordem Soberana de Malta.



Junto à Virgem do Bom Conselho e homenagem em Roma

No dia seguinte, suas Altezas Imperiais e Reais dirigiram-se a Genazzano para venerar o ícone milagroso de Nossa Senhora do Bom Conselho, objeto de tanta devoção do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. A pedido dos príncipes, celebrou a Missa no altar do milagroso ícone, no rito tridentino, Sua Exa. Revma. Dom Custódio Alvim Pereira, Arcebispo-Emérito de Lourenço Marques e vice-decano dos cônegos da patriarcal Basílica de São Pedro.



Diante do milagroso ícone, Dom Custódio Alvim Pereira ladeado pelos príncipes



No dia 4 de novembro, o Marquês Luigi Coda Nunziante, grande amigo do Brasil, ofereceu almoço em homenagem a Suas Altezas Imperiais e Reais nos magníficos salões do Circolo della Caccia, que ocupa parte do Palácio Borghese. Presidiu a mesa Sua Ema. Revma. o Sr. Cardeal Jorge Medina, até há poucos dias Prefeito da Sagrada Congregação para o Culto Divino.

Além do purpurado chileno, estavam presentes vários membros do Soberano Conselho da Ordem de Malta; o Embaixador do Brasil junto ao Quirinal, Angelo Andrea Matarazzo; o Embaixador dos Estados Unidos junto à Santa Sé, James Nicholson; o vice-presidente do Senado da Itália, Prof. Domenico Fisichella; o Assessor para assuntos internacionais da Presidência do Conselho de Ministros da Itália, Prof. Roberto de Mattei; o Superior Geral do Instituto de Cristo Rei, Mons. Gilles Wach; o diretor do Bureau da TFP em Roma, Juan Miguel Montes; o diretor do Bureau da TFP em Washington, Mario Navarro da Costa; além de distintos membros da nobreza européia.