quarta-feira, 20 de abril de 2011

Templários: Uma das forças mais temíveis em Portugal e na Espanha

O rei Afonso de Aragão, "o Batalhador", apesar de todas as suas proezas como martelo dos

mouros, revelou-se incapaz de gerar filhos. Seu casamento com Urraca de

Castela foi dissolvido em 1114. Sem herdeiros, e possivelmente com a expectativa de prevenir

uma disputa pelo seu reino que levasse a dissensões após a sua morte,

redigiu um testamento, em outubro de 1131, deixando seu reino para os Cônegos do Santo

Sepulcro em Jerusalém e para as duas ordens militares, os hospitalários e

os templários.

"A estes três concedo todo o meu reino (...) também a autoridade que tenho em

todas as terras de meu reino, tanto sobre os clérigos como sobre os

leigos, os bispos, os abades, os cônegos, os monges, os nobres, os cavaleiros, os burgueses, os

camponeses e os mercadores, os homens e as mulheres, os pequenos

e os grandes,'os ricos e os pobres, bem como os judeus e os sarracenos, com leis como as que meu

pai e eu temos tido até agora e que devemos ter."

Afonso I de Aragão


Não se sabe o motivo dessa decisão, mas, quando Afonso morreu em 1134, ela foi ignorada e,

a despeito do apoio do papa Inocêncio II, os três beneficiários

foram incapazes de fazê-la cumprir. Todavia, quando dez anos mais tarde se chegou a um acordo

em Gerona com Raimundo Berenguer de Barcelona, os templários foram

compensados com o domínio de meia dúzia de fortalezas, um décimo da receita real, isenção de

vários impostos e um quinto de todas as terras conquistadas aos mouros."'

Assim, não obstante sua relutância inicial, eles foram atraídos para a Reconquista e tornaram-se

uma das forças mais temíveis em Portugal e na Espanha.

O próprio fato de a Ordem do Templo ter sido capaz de assumir esse compromisso militar numa

segunda frente em 1114 demonstra seu êxito no recrutamento de cavaleiros.

Suas razões para alistar-se variavam, mas seria um erro subestimar o zelo religioso. O consenso

entre historiadores de que outrora as cruzadas eram um frágil pretexto

para pilhagem e rapina havia agora mudado em favor da motivação penitencial. "O compromisso

de participar de uma cruzada (...) implicava pesadas despesas e verdadeiros

sacrifícios financeiros, e os ônus sobre as famílias eram ainda mais pesados se vários membros

decidissem partir."



O mesmo acontecia com um cavaleiro que se juntava

aos templários: "esperava-se que os postulantes providenciassem suas próprias roupas e equipamento quando ingressavam na ordem",I" e suas famílias e amigos

muitas vezes arcavam com as despesas.


READ, Piers Paul. Os Templários. Rio de Janeiro: Imago. 2001. p. 119.